Ideias iniciais
Este
ensaio
discutirá concepções de leitores literários numa perspectiva da
estética da recepção visando dialogar com Rancière em sua obra a
partilha do sensível
por meio da proposição de oficina de leitura literária com as
obras O
meu amigo pintor
e O
sofá estampado (Lygia
Bojunga), com alunos do Programa de Educação Tutorial – ensino,
pesquisa e extensão da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE / Campus de Toledo – PR (PET). Pretende-se dialogar entre
as citadas obras e estudos de Lotterman acerca da relação entre
Vida, Arte e Morte na literatura juvenil.
Discutirá também
sobre o tema morte
como evento cotidiano que adentra o universo literário no sentido de
partilhar sentimentos, sensibilidade e pensamento sobre a temática,
visando possibilitar aos sujeitos envolvidos na oficina uma reflexão
sobre os modos de compreensão estética, filosófica e literária,
cuja ferramenta será a leitura literária das obras anteriormente
citadas. Assim como em Rancière, objetiva-se compreender nesse
estudo, os modos por meio dos quais o sensível
–
seja por meio da literatura, da música, ou mesmo outras artes –
torna-se coletivo nos ambientes menos inusitados. Tratar-se-á da
possibilidade estética por meio da literatura, no sentido de esta
constituir-se como criação coletiva, bem como um bem cultural, que
para Candido (2004) torna-se responsável pela humanização dos
seres racionais de diferentes modos.
O foco desse texto
será o relato da oficina realizada com alunos do curso de graduação
em Filosofia (turmas variadas, do 1° ao 4° Ano) da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus de Toledo/Paraná,
dialogando com os fundamentos teóricos dos textos escolhidos. A
referida oficina foi realizada no dia 20 de julho de 2016 nas
dependências da UNIOESTE – campus de Toledo e contou com a
participação dos acadêmicos anteriormente citados, bem como com a
Professora Doutora em Filosofia Ester Maria Dreher Heuser,
responsável pelo PET em Filosofia.
O
roteiro elaborado para o desenvolvimento da oficina consistiu em
desenvolver, após uma leitura solicitada previamente da obra O
meu Amigo Pintor (Lygia
Bojunga), seguida de uma apresentação do e para o grupo Em seguida,
realizamos conversações sobre a obra, leitura dos relatos escritos
pelos alunos sobre a leitura da obra – relações possíveis. Em
seguida, realizamos conversações sobre as relações entre arte,
vida, morte e literatura na obra bojunguiana. Para finalizar, fizemos
uma análise das relações conceituais entre literatura e filosofia
(sobre o sensível) com base na obra Partilha
do Sensível
(Jaques Rancière).
Ao propormos
reflexões teóricas entre os conceitos de sensível na obra Partilha
do Sensível (Jaques
Rancière) e O
Meu Amigo Pintor (Lygia
Bojunga), notamos importante reflexão filosófica dos acadêmicos
sobre esses temas tão complexos e ao mesmo tempo tão próximos –
o que pode ser verificado na produção dos relatos escritos e que
serão apresentados posteriormente, nesse texto.
A obra literária
escolhida
A começar com a
obra
O
meu Amigo Pintor,
esta
consiste numa narrativa juvenil sobre a história de um garoto
chamado Cláudio, angustiado com a perda de seu amigo Pintor
por meio de suicídio. A personagem do Pintor
não tem nome e aparece na obra sempre com P
(maiúsculo),
estratégia esta justificada pela personagem Cláudio no trecho:
“Quanto mais eu olhava pra Janaína mais eu ia desapaixonando.
Quando ela saiu eu fui lá em cima e contei pro meu Amigo Pintor
(acho que é melhor escrever o meu amigo com letra maiúscula) tudo
que tinha acontecido” (BOJUNGA, 2003, p. 12-13). Esta é a primeira
vez que o nome Pintor aparece na obra em letra maiúscula e a partir
dessa explicação, todas as outras vezes é desse modo que a autora
o apresenta.
Os principais
temas abordados na oficina e no texto
Os principais temas
tratados
na obra são a relação morte/arte/vida, as cores expressando os
sentimentos diversos expressos por meio de um álbum de cores criado
pelo Pintor que presenteia a personagem Cláudio – o garoto. A
relação entre os sentimentos e as cores é apresentada logo no
início da narrativa, no trecho em que Claudio declara:
eu não sei se já nasci desse
jeito ou se eu fui ficando assim por causa do meu amigo pintor, mas
quando eu olho pra uma coisa eu me ligo logo é na cor. Gente, casa,
livro, é sempre igual: primeiro eu fico olhando pra cor do olho, da
porta, da capa; só depois eu começo a ver o jeito que o resto tem.
(BOJUNGA, 2003, p. 8)
As perguntas da
personagem Cláudio sobre a morte – do contexto dos adultos – são
abordadas na obra de modo a haver na escrita bojunguiana, extremo
cuidado em não abordar a visão cristã sobre a morte por suicídio.
A dor, a perda, a dúvida, assim como a resolução do sofrimento por
meio dos sonhos, a infância e fase adulta nos conflitos de vida e
morte são temas recorrentes na obra, cujas personagens são
apresentadas na variedade e alternância de seus sentimentos, dúvidas
e angústias, sem que haja julgamento ou condenação pela forma como
se dá a morte do amigo
Pintor.
Mesmo
quando os pais de Cláudio aparecem para explicar ao filho o modo
como seu Amigo morreu, há certa reserva ao trazer à narrativa tão
delicada abordagem conceitual. O síndico do prédio onde Cláudio
mora com sua família vai ao apartamento deles e o menino escuta um
trecho da conversa no qual o síndico questiona se o Pintor
teria
se suicidado por medo de voltar a ser preso político. Embora o
trecho seja longo, vale a pena trazê-lo devido à riqueza narrativa
e sensibilidade com a qual a autora trata o tema da morte do Pintor:
Hoje eu ia
saindo do banho quando ouvi o síndico entrando (ele é o pai da
filha daquela mãe que esqueceu o frango no forno); mais que depressa
eu corri pro meu quarto e fechei a porta. Não era pra ele não me
ver nu, não. Era porque, pra ser franco, eu não curto aquele
síndico. Uma vez ele disse que pintor que pinta mulher amarela é
porque não sabe pintar mulher como ela é. Tipo do cara que não
saca nada de arte, não é? Outra vez, eu estava lá em cima jogando
gamão e aí tocaram a campainha. Quando eu abri a porta dois caras
disseram que eram da polícia e me mandaram embora: queriam ficar
sozinhos com o meu Amigo pra interrogar ele. Depois a gente ficou
sabendo que o síndico tinha ido na polícia dizer que o meu Amigo
estava morando aqui no prédio. Tipo do cara que não saca nada de
cada um na sua, não é? E ainda por cima, sempre que esse síndico
aparece aqui em casa, ou é pra fazer queixa de alguém do edifício,
ou é pra arrastar o meu pai e a minha mãe pra reunião de
condomínio (que eles odeiam).
Então eu
achei melhor ficar bem quieto aqui no meu quarto. Mas lá pelas
tantas eu ouvi o nome do meu Amigo e comecei a prestar atenção na
conversa na sala. Tive que abrir a porta pra escutar o meu pai: ele
estava falando de suicídio, e cada vez que ele e minha mãe falavam
nisso eles baixavam a voz. O síndico não: ele tem um vozeirão que
nossa senhora! Até o cochicho dele é um cochichão que a gente ouve
lá da esquina. E então ele foi cochichãozando que o meu Amigo
tinha ficado marcado por causa das ideias políticas dele (eu não
entendi nada do que isso queria dizer) e, quem sabe, ele tinha se
matado por causa disso?
__ será
que ele achava que ia ser preso de novo? __ a minha mãe perguntou.
E aí
começou: política pra cá, política pra lá.
Não
aguentei mais ficar quieto: fui lá na sala e falei:
__ A Dona
Clarice disse que o meu Amigo morreu feito todo o mundo um dia morre.
Não foi de propósito não!
__ Ela
tinha que dizer isso não tinha? __ o síndico falou.
Respondi
olhando pro meu pai:
__ Ela
conhecia ele melhor que ninguém, e ela me garantiu que não foi de
propósito.
__ Ela
tinha que dizer isso __ o vozeirão falou de novo __ pra ninguém
ficar pensando que foi por causa dela que ele se matou.
Eu não
parava de olhar pro meu pai; e o meu pai não parava de olhar pra
mim.
__ Mas por
que ele ia fazer isso? __ eu perguntei.
__ Por que
ele estava doente, meu filho.
__ Doente?
A gente jogou gamão na véspera. Três partidas. Uma atrás da
outra. E ele não tinha nada!
__ Doente
aqui
__
o meu pai bateu na cabeça __; só uma pessoa que está muito doente
aqui faz o que ele fez.
__ Mas você
quer, por favor, me explicar direito tudo que aconteceu?
Aí minha
mãe disse que eles já estavam atrasados pra reunião de condomínio.
Eu fiquei nervoso:
__ Mas ele
era meu amigo!
O síndico
levantou:
__ Vamos
indo?
__ Amigo
pra valer! Ele mesmo falou que idade não contava pra gente ser amigo
sincero. E eu vou ficar sem saber se foi mesmo de propósito que ele
morreu?
A minha mãe
me abraçou:
__ Você
não tem mais que ficar pensando nisso, Cláudio. Na sua idade a
gente tem que pensar na vida e não na morte. Você tem outros
amigos...
__ Que eu
não gosto feito eu gostava dele!
__ ... você
tem tanta coisa pra estudar, pra brincar, pra inventar, pára de
ficar pensando no que aconteceu com ele e toca a vida pra frente, meu
filho! __ foi saindo e eu fiquei. E fiquei no ar ainda por cima.
Voltei pro quarto. Achei que o meu pai estava com mais cara de
verdade do que a Dona Clarice. Não era porque ele era meu pai, não:
era pelo jeito dele olhar tanto pro meu olho e dela olhar tanto pro
chão. (BOJUNGA, 2003, p.18-20)
A
narrativa continua com a personagem Cláudio se questionando,
angustiado sobre a morte do Amigo Pintor. Mesmo tenho ouvido do
síndico e de sua família que a morte se deu por meio de suicídio,
certeza Cláudio não tinha. Antes do trecho citado, Cláudio havia
se encontrado com a Dona Clarice – a mulher que morava no
pensamento do Pintor e que era pintada por ele em muitas de suas
obras. Ela havia dito ao garoto que o Pintor havia morrido assim,
feito todo mundo um dia morre, conforme o trecho a seguir:
Mas hoje,
sem estar esperando nem nada, aconteceu uma coisa que mudou o jeito
do vermelho que eu estava sentindo dentro de mim. É que eu esbarrei
na porta do elevador com a Dona Clarice. Ela ia saindo e eu ia
entrando. Fiquei ao afobado que em vez de dizer bom dia, eu
perguntei:
__ Ele
explica na carta por que que ele se matou?
Puxa vida!
eu nunca pensei que uma pergunta assim tão horrível podia sair sem
a gente ter tempo de segurar. Mas saiu. E a Dona Clarice ficou
parada, de porta do elevador aberta na mão e de olho arregalado pra
mim.
Eu fiquei
tão sem jeito que eu quis sumir.
Ainda bem
que tocaram a campainha do elevador: a Dona Clarice feito que
acordou; largou a porta e passou a mão pela testa com um jeito
nervoso. De repente fez cara de quem lembrava de uma coisa e me
estendeu um embrulho que estava debaixo do braço. O meu Amigo Pintor
tinha escrito assim no embrulho: “Para o meu parceiro de gamão.”
__ Eu ia
pedir pro porteiro entregar isso a você __ ela falou. Aí ela ficou
olhando pro chão, e depois disse baixinho: __ Ele não se matou,
não. Ele morreu que nem... que nem todo o mundo um dia morre. __ e
disse tchau, e saiu depressa.
Eu fiquei
olhando pra letra do meu Amigo no papel de embrulho. Mas depois
lembrei do relógio e saí correndo: puxa! se ela tinha a chave do
apartamento bem que ela podia voltar e dar corda no relógio.
Mas ela já
tinha sumido na rua. (BOJUNGA, 2003, p.14)
Cláudio
fica feliz em receber o jogo de gamão de presente, mesmo com tantas
perguntas em sua cabeça de garoto com quem os adultos evitavam
conversar sobre a morte, ainda mais por suicídio. Ele não conseguia
compreender como um cara tão seu amigo poderia ter feito uma coisa
assim. Mas a filha do síndico – a menina de quem Cláudio também
não gostava havia dito que o Pintor havia morrido de propósito.
“__ O teu
amigo pintor foi pro inferno.
Levei um
susto tão grande que a fala nem saiu logo. Ela disse:
__ ele se
matou. E diz que quem se mata vai pro inferno.
A minha
fala desempacou:
__ quem diz
que ele se matou?
__ Tá todo
o mundo falando. Ele deixou uma carta explicando.
__ Cadê?
__ Não foi
pra gente não.
__ Foi pra
quem?
__ Pra uma
amiga dele, aquela que vinha aí.
__ A Dona
Clarice?
__ É.
__ E o que
ele explica na carta?
A garota só
fez assim com o ombro e disse com cara de quem não tá ligando:
__ A essas
alturas ele já torrou no inferno igualzinho feito o frango que a
minha mãe esqueceu no forno.
Empurrei o
diabo da garota longe e vim m’embora. (BOJUNGA, 2003, p. 13-14)
Nota-se
na fala de algumas personagens a recusa em conversar com o garoto
sobre a forma como seu Amigo Pintor morreu. A
leitura da referida obra, possibilita a elaboração de perguntas
filosóficas sobre o tema morte no sentido de nos fazer inquietar
acerca de a) qual
o sentido da vida? b) como pensar o suicídio como a mais potente
forma de liberdade? c) o que leva uma pessoa a dar fim à própria
vida? d) em relação à ética, moral cultura e religião, como se
pode entender, aceitar ou questionar a morte por meio do suicídio?
e) que sentido dar à morte como solução para a falta de sentido na
vida? f) antecipar a morte é também um modo de negar a vida?
Em
algumas sociedades contemporâneas, nota-se que o homem
se acostumou com a morte, talvez devido a sua ocorrência diária, em
larga escala, ela tenha se tornado um evento televisionado todos os
dias em horário nobre. A morte, nesse sentido, surge como a
principal consequência da violência, que por sua vez se apresenta
em seu grau máximo. A esta realidade, Ronaldo Lima Lins chama de
“era da atrocidade”, tempo em que a violência atingiu patamares
tais que ultrapassa os limites da revolta.
A
morte e sua finitude
Esta relação com o
próprio fim, porém, sempre foi uma das principais questões
humanas, uma vez que segundo Lins (1990), a incapacidade de aceitar a
morte acentua a angústia principal ao quadro já trágico da
existência. Nesse sentido, mesmo numa sociedade em que se faz tão
presente e de forma tão brutal, a morte ainda incomoda e está longe
de ser um problema resolvido. Para Bauman (2008),
o medo original, o medo da morte
(um medo inato, endêmico), nós, seres humanos, aparentemente
compartilhamos com os animais. […] Mas somente nós, seres humanos,
temos consciência da inevitabilidade da morte e assim também
enfrentamos a apavorante tarefa de sobreviver à aquisição desse
conhecimento – a tarefa de viver com o pavor da inevitabilidade da
morte (BAUMAN, 2008, p. 45).
Desse modo, para os
referidos autores, o homem não só precisa conviver com a certeza de
seu fim, como deve aprender a lidar com a incerteza quanto ao momento
em que isso ocorrerá. Sabendo que um dia falecerá – e não sendo
possível ignorar esse fato –, não pode prever o instante do
passamento. Muito da dificuldade que se impõe nessa relação tem
origem na própria condição da morte, pois se trata de uma barreira
intransponível que somente a imaginação humana pode alcançar.
Qualquer ideia do que aconteça depois será sempre suposição. Na
literatura, especialmente na obra estudada, a surpresa da morte do
Amigo leva Cláudio a formular inúmeras perguntas sobre a morte,
pois a ideia da finitude planejada o persegue, na busca por
compreender o comportamento do amigo.
Nesse
sentido, vincular arte, filosofia e literatura consistiu na
proposição dessa oficina, por meio da qual objetivamos estudar
sobre
a partilha do sensível, a partir da leitura da obra literária pelos
alunos do curso de graduação em Filosofia. A ideia foi trazer ao
cenário do encontro, as intensidades da leitura de cada sujeito e
suas relações possíveis, consideradas, obviamente as filosóficas,
dado o contexto existencial dos sujeitos.
A oficina se deu de acordo com o roteiro planejado e sua parte mais
importante a ser considerada nesse texto, refere-se aos relatos dos
sujeitos participantes.
Os
conceitos do sensível em Rancière (2005) visam discutir
teoricamente o fato de que pelo termo
de constituição estética, deve-se entender a partilha
do sensível que
dá forma à comunidade, tornando o sensível um bem coletivo que se
elabora em espaços e situações ou eventos coletivos. Nesse
sentido, partilha
significa
duas coisas: a participação em um conjunto comum e, inversamente, a
separação, a distribuição em quinhões.
Uma partilha do
sensível é, portanto, o modo como se determina no sensível a
relação entre um conjunto partilhado e a divisão de partes
exclusivas; assim, para Rancière, uma partilha do sensível fixa,
portanto, ao mesmo tempo, um comum
partilhado e partes exclusivas. Essa repartição das partes e dos
lugares se funda numa partilha de espaços, tempos e tipos de
atividades que determina propriamente a maneira como um comum se
presta à participação e como uns e outros tomam parte nessa
partilha. (RANCIÈRE, 2005, p. 15). O
próximo item desse texto objetiva apresentar alguns relatos sobre as
intensidades dos acadêmicos ao participarem dessa oficina de
pensamento, arte, literatura e filosofia:
Os
relatos dos acadêmicos de Filosofia – Itensidades!
Relato
1: uma aluna do curso de Filosofia
Quando comecei a ler O
Meu Amigo Pintor, fui
logo envolvida pela narrativa, pelos personagens e pelo modo leve da
Bojunga tratar e escrever assuntos duros. Já haviam me adiantado que
a obra tratava da temática do suicídio, então essa parte não foi
novidade. No entanto, quando me dei conta, estava também me
perguntando, junto com Claudio, ‘mas por que?’ e querendo saber
mais do Pintor que tinha três amores. Li tudo num fôlego só e até
levei um susto quando acabou. ‘Que livro fantástico’, pensei.
Lê-lo alegrou minha manhã. É um livro que fala da vida como ela é
– complicada e dolorosa, mas bela.
E aí veio a tarde. Sentei para
escrever o que tinha achado do livro. Senti-me como o Amigo Pintor,
incapaz de me fazer compreender por completo e frustrada em não
transmitir tanta vida e sentimento quanto o livro tinham me passado.
Admirei Bojunga uma vez mais por conseguir fazer, de modo tão
singelo e descomplicado, aquilo que eu tentei fazer de todo jeito por
muitas horas torturantes. Foi aí que aquele poema do Bukowski, Uma
palavrinha sobre os fazedores de poemas rápidos e modernos,
veio à mente: ‘o fracasso de uma pessoa na poesia é o fracasso de
uma pessoa na vida. E quando você falha na poesia, você erra a
vida. E quando você falha na vida, você nunca nasceu’. Nunca
conseguirei explicar o quanto me senti frustrada, afinal, nunca ter
nascido era pior do que morrer, era deixar de ser. Deixar de ser.
Talvez teria sido isso que o Pintor sentiu ao concluir que sua vida
não tinha mais sentido: que era melhor jamais ter existido do que
não transmitir vida no trabalho todo de uma vida, de sua vida.
Foi aí que decidi que não
deveria escrever nada sobre, que talvez fosse melhor viver com essa
história como uma conversa linda dentro de mim do que ‘morrer em
vida’ com um escrito apagado e morto, que não diz nada de quem eu
sou. Seria quase como o coração desenhado por Claudio e ‘arrumado’
pelo colega, não teria nada a ver comigo. Guardo, então, dessa
experiência a conversa linda com a Bojunga e a que tive comigo mesma
sobre quem sou. Porque a grande literatura faz isso conosco: inicia
um diálogo mudo no mais íntimo de nós mesmos, a princípio sobre a
vida, para depois e, fundamentalmente, sermos nós a pauta em
questão.
Relato
2 – um aluno do curso de Filosofia
Diante do
texto tive muitas reflexões sobre a relação dos sentimentos
contidos em cada cor. Me recordei então sobre a série Breaking Bad,
premiada internacionalmente por sua qualidade excepcional. Nesta
série cada evento é regrado aos sentimentos das personagens,
onde cada cor representa uma emoção em cena. Por exemplo, quando o
ator está triste, ele estará vestido de cinza, logo em momentos
intelectuais veste azul, quando está amando é vermelho e a morte se
apresenta pelo branco.
Enquanto
lia o texto lembrei da série e realmente identifiquei essa relação
entre o ser humano e as cores. A autora nos envolve nos sentimentos
do garoto, enquanto nos traz essa perspectiva radical de como é para
a criança estar diante de um suicídio. Acho fascinante a forma como
a Lygia consegue tratar de assuntos difíceis de uma forma tão
simples e tão rica. Quando ela mostra que a criança não se
contenta com essas simples respostas, buscando então entender o que
aconteceu realmente ela parte em uma investigação. Frente ao enredo
de uma criança de 11 anos em busca de respostas para o suicídio do
amigo, ficamos no mínimo chateados com essa ausência de respostas
sinceras por parte dos adultos, nos faz questionar sobre o que dizer
ou não para as crianças, e isso nos leva à outras possibilidades
de diálogos.
Me marcou
bastante a forma como ela usa expressões singulares para
caracterizar o personagem, expressões infantis que identificamos e
tem um valor que não passa despercebido. Diante do texto só concluo
que é mais simples falar a verdade, mas sendo sensível às
crianças. O texto me agradou muito.
Relato
3 – uma aluna do curso de Filosofia
Só
agora consegui organizar meus pensamentos para escrever algo
coerente, espero ainda poder contribuir. A primeira pergunta que a
Márcia fez em relação à obra que iriamos estudar foi o porque do
grupo escolher o livro "Meu amigo Pintor"? A
princípio não tive uma resposta pronta, mas em casa, analisando a
pergunta cheguei a conclusão de que a obra foi escolhida por se
tratar de um tema tabu, tanto no meio social como no meio acadêmico,
e desse modo, ficamos curiosos com a forma que a literatura
trabalharia tal tema.
Quando
a Ester pediu que escrevêssemos nossa reação ao ler a obra a
principio não compreendi muito bem o porquê da pergunta, mas nesse
momento, apos algumas reflexões pude organizar o que eu senti.
A
princípio com o desenrolar da história tive a falsa esperança de
que ao fim descobriríamos o porquê da decisão do Amigo Pintor,
quando chega o fim da historia e a pergunta não é respondida tive
uma grande sensação de frustração, pois acredito que como
humanos, questões como essa nos intrigam. Porém, olhando pelo viés
da psicologia, não tem como buscar uma resposta para uma decisão
tão permanente, visto que, o Amigo Pintor deveria
estar em um sofrimento psíquico muito grande para incorrer a tal
ato.
Analisando
de maneira clínica, acredito que ele deveria ter compreendido seu
estado psíquico e procurado ajuda profissional, pois aquele estado
melancólico em que ele estava já ocorria há muito tempo.
Entretanto, como já disse, ele deveria estar em sofrimento psíquico
muito grande para desistir de lutar pela vida, e incorrer a meios tão
permanentes para um problema que poderia ter sido amenizado com ajuda
profissional.
Essa
foi a impressão que eu tive do livro, espero ter ajudado.
Relato
4 – A professora da turma
Cláudio com alma de artista faz
sentir de outro jeito, amplia a sensibilidade ao
pensar/sentir/escrever primeiro pela cor. Com ele, especialmente, o
sentido do vermelho se ampliou. Essa cor complicada, cor de coisa a
ser entendida. Paixão, morte e inferno despertam um jeito vermelho
dentro da gente que faz perguntar:
Por que?
Por que?
Por que?
É preciso gostar para entender
e, de repente, de tanto pensar, um amarelo nasce de dentro do
vermelho e a vida fuça como um belo e quente poente, difícil de
entender, mas que mata a vontade de morrer.
Relato
5 – uma aluna da turma
Cada coisa tem a sua cor. Umas
são mais fracas, outras mais vibrantes, e algumas até oscilam e se
misturam com outras tonalidades, mas cada coisa tem sua cor. As cores
expressam sentimentos e esses também podem ser fracos ou fortes,
podem passar com o soprar de um vento ou podem ficar e fazer de nós
a sua morada. Esses sentimentos podem nos tocar pelo visual que cada
cor nos oferece e é assim que pela personificação, as cores
parecem ter o dom de presentificar não só as coisas, mas também as
pessoas.
O
namoro com a morte em O
sofá estampado
Lottermann
(2008), ao discutir sobre essa dificuldade
de compreender o suicídio afirma
que a mesma está
quase
sempre intimamente
relacionada à dificuldade de aceitação de que as pessoas possam
determinar até quando desejam permanecer vivas. Nesse
sentido, a referida autora afirma que
Quando
alguém resolve abreviar a vida, e faz uso de sua liberdade de forma
radical, a perplexidade que o ato provoca vem acompanhada de muitos
questionamentos. Considerado uma auto-agressão, o suicídio é
também uma forma de agredir os outros, num processo em que o suicida
nega de forma veemente sua condição de vida, logo, sua forma de
interagir com os outros
(LOTTERMANN, 2008, p.132).
Trata-se,
pois, de um namoro com a morte, que tanto aparece na obra O
meu Amigo Pintor, como
também na obra O
sofá estampado,
também de Lygia Bojunga. Tanto na primeira como na segunda obra
tratada nesse texto, Bojunga se apresenta estreita relação entre a
morte e a arte, por meio das cores apresentadas em ambas as obras em
sua relação com a morte, esse namoro, seu encontro com os conceitos
fundamentais de vida e de morte. Na obra O
meu Amigo Pintor, esta
relação se apresenta da seguinte forma:
Um dia o meu amigo me disse que
eu era um garoto com alma de artista, e me deu um álbum com uns
trabalhos que ele tinha feito em aquarela, tinha a óleo e pastel.
Disse que tinha arrumado os trabalhos no álbum pra eu entender
melhor esse negócio de cor. Nas primeiras páginas só tinha cor.
Quer dizer, no princípio nem cor tinha: era só branco e preto;
depois começavam as cores: amarelo, azul, vermelho, e depois essas
três cores iam se misturando pra formar uma porção, nuns desenhos
que às vezes eu gostava e outras vezes não. O meu amigo me disse
que quanto mais a gente prestava atenção numa cor, mais coisa saía
de dentro dela. Eu fiquei olhando pra cara dele sem entender. Não
entendi mesmo aquela história de tanta
coisa ir saindo de dentro de uma cor. (BOJUNGA,
2003, p. 8)
Em
O
sofá estampado,
Vítor se aproxima da morte
guiado pela decepção com o comportamento insensível de Dalva e com
a memória repleta de acontecimentos que o tinham feito sofrer. No
caminho de volta para a floresta, cansado, Vítor deita-se na
estrada, adormece e tem um sonho: ‘tinha nevoeiro na floresta,
chão, capim, galho, era tudo cinzento. O pai saiu do nevoeiro de
maleta profissional estendida e carapaça de plástico dentro. Tudo
bem cinza. A mãe chegou perto e começou a chorar. O pai, que quer
obrigá-lo a vender carapaças de plástico, ficou cinza bem forte; o
Vítor se engasga e tosse cinzento. (BOJUNGA, 2004, p. 100)
A
referida obra gira
em torno de quatro personagens que são os principais da obra,
explicando a vida de cada um com alguns detalhes e como aquele
personagem chegou até ali.
- Vítor é um tatu muito tímido e educado, que vive numa floresta junto com seus pais. Quando ele fica nervoso, ele começa a tossir desesperadamente, até ficar roxo, e suas unhas começam a cavar e cavar até ele encontrar um lugar onde ele esteja sozinho e longe daquilo que lhe afligia. Na obra, esse lugar é caracterizado como uma rua deserta, sem carros ou prédios. Nesse trecho o leitor pode ter a ideia de como o Vitor era mesmo tímido:
Quando
o Vitor entrou pra escola escolheram o lugar dele: primeira fila. Ele
perguntou se podia trocar. Só que em vez da pergunta saiu um
espirro. A professora respondeu saúde! E ele ficou na primeira fila:
encolhido, cara baixa. No outro dia já entrou encolhido. Disse
bom-dia bem baixinho (ninguém ouviu), e se mudou pra segunda fila:
baixinho também. E daí pra frente foi se mudando cada vez mais
baixo e cada vez mais pra trás. Acabou chegando numa árvore que
marcava o fim da classe. Deslizou pra trás do tronco; se ajeitou;
entortou a cara pra espiar o que que estava acontecendo na aula.
Quando o olho da professora chegou perto da árvore, a cara
desentortou.
Entortou
Desentortou
Entortou
Desentortou;
o tempo passou. E de tanto ninguém ver o Vítor, parecia que todo
mundo tinha se esquecido do Vítor. [...] (p. 34).
- Dalva é uma gata angorá muito mimada, que só se preocupa em ver televisão, pois ela ganhou o prêmio da telespectadora mais assídua por assistir 12 horas de tevê por dia. Havia um controle da emissora, que ligava de hora em hora pra ver se ela estava mesmo assistindo televisão e prestando atenção nos comerciais. Isso pode ser observado no trecho:
[...]
O Vítor já não estava conseguindo ver mais nada, todo encolhido lá
embaixo pra ver se não pisavam muito nele. De repente, sentiu uma
coisa caindo na cabeça. Era a medalha da Dalva: a fita tinha
rebentado com tanto puxão. O Vitor ficou com a medalha apertada na
pata. O táxi foi embora; o pessoal foi abrindo caminho; e aí o
Vítor perguntou pra um repórter:
– Que
prêmio que ela ganhou, hem?
– Foi
o tal concurso que fizeram na tevê.
– Qual?
– “Telespectadora
mais assídua”. Faz tempo que ela vê 12 horas de tevê por dia:
ganhou.
O
Vítor fez pergunta pra todo lado e acabou descobrindo o endereço da
Dalva. Puxa, ele era mesmo um cara de sorte! a medalha podia ter
caído na cabeça de tanta gente, e tinha caído bem na dele: só pra
ele ter um pretexto de ir na casa
da Dalva.
(p.
109)
- A Vó do Vítor é uma historiadora que passou por muitos lugares e por muitas aventuras. Ela era a única que o aceitava como ele era. Desde criança ela tinha o sonho de conhecer tudo de tatu. Isso pode ser observado no trecho:
Desde
pequena ela tinha mania de viajar: queria por força conhecer o
mundo. E queria conhecer tudo de tatu; como é que eles eram
antigamente, o que eles comiam, onde é que tinha vivido o primeiro
tatu.
Foi
ser bandeirante, excursionista, bolsista. Só pra viver pra baixo e
pra cima. Voltava pra casa com um monte de histórias pra contar.
Estudou arqueologia; viajava cada vez mais longe, fazendo escavação,
pra ver se descobria ou placa ou unha ou qualquer coisa de tatu de
antigamente; um dia casou com o Arquimedes, que era um tatu
arqueólogo também. No dia do casamento, o Arquimedes deu pra ela
uma mala de presente. Com um cartãozinho pendurado na alça: ‘Agora
você passa de senhorita a senhora, acho que fica mais próprio
viajar com mala em vez de mochila. Com todo o amor do seu
ARQUIMEDES.’
(p. 62).
- A Dona Popô é uma hipopótama que por seu esforço e ambição, ganhou muito dinheiro trabalhando para Dr. Ipo, aquele que a salvou do Zoológico, e com isso criou sua própria empresa, a agência de publicidade Z. Antes, a Dona Popô era conhecida como Pôzinha e morava com sua mãe Zuleica perto de um rio numa selva, até que um dia, quando ela foi ver aonde iria morar, foi pega pelo pessoal do Jardim Zoológico.
[...]
A Dona Zuleika já tinha escolhido o hipopótamo que um dia ia casar
com a Pôzinha, ‘ele é ótimo pra arranjar comida, viu Pôzinha?’.
e a Pôzinha disse tá.
A Dona Zuleika já tinha escolhido o lugar que a Pôzinha ia morar,
‘é um lugar ótimo pra arranhar comida, viu Pôzinha?’. A
Pôzinha disse tá.
A
Dona Zuleica já tinha até mandado: ‘Uma hora dessas vai lá ver o
lugar’. A Pôzinha foi. Errou o caminho, acabou entrando em área
de caçada, justo quando andavam pegando bicho pra levar pra América
do Sul. Pegaram girafa, pegaram elefante, pegaram avestruz, pegaram a
Pôzinha também. Meteram ela no porão de um navio e ela foi parar
no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. A Pôzinha estranhou a vida
no Zôo; não gostou da comida. Mas depois acostumou com o capim. Um
dia ela viu chegar um rinoceronte que ela conhecia desde pequena.
Quando ele passou por ela, contou que a Dona Zuleika tinha sido presa
também:
__
Levaram ela pra Índia.
__
É longe?
__
À beça.
__
É grande?
__
Enorme.
__
Xi! O Brasil também. __ Viu que nunca mais elas iam se encontrar.
Chorou. Quis prestar homenagem pra mãe: fez um Z em grande de capim
trançado e pendurou na grade que e cercava ela. O pessoal do Zôo
gostou; e mandou ela trançar um monte de capim pra fazer o resto do
Zoológico.
(p. 130-132)
A
obra O
sofá estampado,
embora não tenha sido lida pelos acadêmicos de graduação em
Filosofia para a realização da oficina aqui tratada, foi discutida
por atrelar conceitos comuns com a obra O
meu Amigo Pintor como
a morte, as cores e a arte. Pensar uma partilha do sensível por meio
do texto de Rancière possibilitou o entrelaçamento de tais
conceitos na busca por um exercício de pensamento filosófico
literário, cuja ferramenta estética foram as obras literárias aqui
discutidas.
As
relações possíveis – a partilha estética do sensível: ideias
finais
Ao
pensar no espaço estético ocupado pela educação estética nas
sociedades contemporâneas, considerando sua diversidade histórica e
cultural, nota-se que seu valor se constrói na compreensão mesma
daquilo que afeta e àqueles a quem afeta nos diferentes viveres em
sociedade. É ainda em Rancière (2005) que tais conceitos melhor se
expressam, se considerarmos que
A política ocupa-se do que se vê
e do que se pode dizer sobre o que é visto, de quem tem competência
para ver e qualidade para dizer, das propriedades do espaço e dos
possíveis do tempo. É a partir dessa estética primeira que se pode
colocar a questão das práticas estéticas, no sentido em que
entendemos, isto é, como formas de visibilidade das práticas da
arte, do lugar que ocupam, do que fazem no que diz respeito ao comum.
As práticas artísticas são maneiras de fazer e nas suas relações
com maneiras de ser e formas de visibilidade. Antes de se fundar no
conteúdo imoral das fábulas, a proscrição platônica dos poetas
funda-se na impossibilidade de se fazer duas coisas ao mesmo tempo. A
questão da ficção é, antes de tudo, uma questão de distribuição
dos lugares. Do ponto de vista platônico, a cena do teatro, que é
simultaneamente espaço de uma atividade pública e lugar de exibição
dos fantasmas, embaralha a partilha das identidades, atividades e
espaços. O mesmo ocorre com a escrita: circulando por toda parte,
sem saber a quem deve ou não falar, a escrita destrói todo
fundamento legítimo da circulação da palavra, da relação entre
os efeitos da palavra e as posições dos corpos no espaço comum
(RANCIÈRE, 2005, p. 17).
As
formas de ocupação da arte são constituídas e transformadas de
modo a sobreviver nas frestas dos espaços outros, que não os
habituais. Nesse sentido, na contemporaneidade, (re) conceituar as
produções estéticas se faz urgente, a considerar as inúmeras
possibilidades de acesso que surgem, constantemente nos espaços
antes inusitados ou até mesmo restritos a uma pequena querela da
sociedade, as ditas elites cultural e economicamente abastadas.
O
trabalho de oficina desenvolvido para a elaboração desse texto foi
essencial para a compreensão dessa pesquisadora sobre a partilha do
sensível, uma vez que estudar literatura já há algum tempo nos deu
uma visão ampliada de sua relação com a filosofia e com outras
formas de produção estética. Os relatos dos acadêmicos expressam
o desejo primeiro dessa empreitada: partilhar o sensível e desvendar
os elos com a arte e com a filosofia – ambas ferramentas potentes
de pensamento e vida!
REFERÊNCIAS
BAUMAN,
Zygmunt. Medo
líquido.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
BOJUNGA,
Lygia. O
meu Amigo Pintor.
22.ª
ed. Rio de Janeiro: Editora Casa Lygia Bojunga, 2006.
______________.
O
Sofá Estampado.
31ª
ed. Rio de Janeiro: Editora Casa Lygia Bojunga, 2004.
COSTA
LIMA, Luiz (coord. e tradução) – A
literatura e o leitor- Textos de Estética da Recepção.
Rio
de Janeiro: Paz e Terra. 1979.
LINS,
Ronaldo Lima. Violência
e literatura.
Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.
LOTTERMANN,
Clarice. O
suicídio na literatura infantil brasileira. Revista
Espaço Plural; Ano IX – Nº 18. 1º Semestre 2008. ISSN 1518-4196.
RANCIERE,
Jacques –
A
partilha do sensível. Estética e política.
São Paulo: Ed. 34, 2005.
1 Trabalho elaborado junto ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Letras – nível de Doutorado, área de concentração em Linguagem e Sociedade, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de Cascavel/Paraná, na Disciplina Seminários Avançados em Estudos Literários II – A Literatura entre Práticas e Procedimentos Interdisciplinares. Língua de Pesquisa: Literatura Memória Cultura e Ensino.
JANETE MARCIA NASCIMENTO
CURRICULUM VITAE:
Doutoranda em Letras - Linguagem e Sociedade, Linha de Pesquisa Linguagem Cultura Memória e Ensino, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); Mestre em Letras - Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); Especialista em Fundamentos da Educação também pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); graduada em Pedagogia e em Letras. Professora Pedagoga e Professora de Língua Portuguesa na Educação Básica nas redes municipal e estadual do município de Toledo/Paraná - Brasil. Pesquiso no Doutorado a formação de leitores literários em espaços não escolares.