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Revista de actualidad política, religiosa, económica, social, cultural, científica y educativa con alcance internacional
ISSN 2618-1916

A PARTILHA DO SENSÍVEL EM RANCIÈRE E BOJUNGA: ARTE E MORTE NA LITERATURA JUVENIL1





Ideias iniciais

Este ensaio discutirá concepções de leitores literários numa perspectiva da estética da recepção visando dialogar com Rancière em sua obra a partilha do sensível por meio da proposição de oficina de leitura literária com as obras O meu amigo pintor e O sofá estampado (Lygia Bojunga), com alunos do Programa de Educação Tutorial – ensino, pesquisa e extensão da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE / Campus de Toledo – PR (PET). Pretende-se dialogar entre as citadas obras e estudos de Lotterman acerca da relação entre Vida, Arte e Morte na literatura juvenil.
Discutirá também sobre o tema morte como evento cotidiano que adentra o universo literário no sentido de partilhar sentimentos, sensibilidade e pensamento sobre a temática, visando possibilitar aos sujeitos envolvidos na oficina uma reflexão sobre os modos de compreensão estética, filosófica e literária, cuja ferramenta será a leitura literária das obras anteriormente citadas. Assim como em Rancière, objetiva-se compreender nesse estudo, os modos por meio dos quais o sensível – seja por meio da literatura, da música, ou mesmo outras artes – torna-se coletivo nos ambientes menos inusitados. Tratar-se-á da possibilidade estética por meio da literatura, no sentido de esta constituir-se como criação coletiva, bem como um bem cultural, que para Candido (2004) torna-se responsável pela humanização dos seres racionais de diferentes modos.
O foco desse texto será o relato da oficina realizada com alunos do curso de graduação em Filosofia (turmas variadas, do 1° ao 4° Ano) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus de Toledo/Paraná, dialogando com os fundamentos teóricos dos textos escolhidos. A referida oficina foi realizada no dia 20 de julho de 2016 nas dependências da UNIOESTE – campus de Toledo e contou com a participação dos acadêmicos anteriormente citados, bem como com a Professora Doutora em Filosofia Ester Maria Dreher Heuser, responsável pelo PET em Filosofia.
O roteiro elaborado para o desenvolvimento da oficina consistiu em desenvolver, após uma leitura solicitada previamente da obra O meu Amigo Pintor (Lygia Bojunga), seguida de uma apresentação do e para o grupo Em seguida, realizamos conversações sobre a obra, leitura dos relatos escritos pelos alunos sobre a leitura da obra – relações possíveis. Em seguida, realizamos conversações sobre as relações entre arte, vida, morte e literatura na obra bojunguiana. Para finalizar, fizemos uma análise das relações conceituais entre literatura e filosofia (sobre o sensível) com base na obra Partilha do Sensível (Jaques Rancière).
Ao propormos reflexões teóricas entre os conceitos de sensível na obra Partilha do Sensível (Jaques Rancière) e O Meu Amigo Pintor (Lygia Bojunga), notamos importante reflexão filosófica dos acadêmicos sobre esses temas tão complexos e ao mesmo tempo tão próximos – o que pode ser verificado na produção dos relatos escritos e que serão apresentados posteriormente, nesse texto.

A obra literária escolhida

A começar com a obra O meu Amigo Pintor, esta consiste numa narrativa juvenil sobre a história de um garoto chamado Cláudio, angustiado com a perda de seu amigo Pintor por meio de suicídio. A personagem do Pintor não tem nome e aparece na obra sempre com P (maiúsculo), estratégia esta justificada pela personagem Cláudio no trecho: “Quanto mais eu olhava pra Janaína mais eu ia desapaixonando. Quando ela saiu eu fui lá em cima e contei pro meu Amigo Pintor (acho que é melhor escrever o meu amigo com letra maiúscula) tudo que tinha acontecido” (BOJUNGA, 2003, p. 12-13). Esta é a primeira vez que o nome Pintor aparece na obra em letra maiúscula e a partir dessa explicação, todas as outras vezes é desse modo que a autora o apresenta.

Os principais temas abordados na oficina e no texto

Os principais temas tratados na obra são a relação morte/arte/vida, as cores expressando os sentimentos diversos expressos por meio de um álbum de cores criado pelo Pintor que presenteia a personagem Cláudio – o garoto. A relação entre os sentimentos e as cores é apresentada logo no início da narrativa, no trecho em que Claudio declara:

eu não sei se já nasci desse jeito ou se eu fui ficando assim por causa do meu amigo pintor, mas quando eu olho pra uma coisa eu me ligo logo é na cor. Gente, casa, livro, é sempre igual: primeiro eu fico olhando pra cor do olho, da porta, da capa; só depois eu começo a ver o jeito que o resto tem. (BOJUNGA, 2003, p. 8)

As perguntas da personagem Cláudio sobre a morte – do contexto dos adultos – são abordadas na obra de modo a haver na escrita bojunguiana, extremo cuidado em não abordar a visão cristã sobre a morte por suicídio. A dor, a perda, a dúvida, assim como a resolução do sofrimento por meio dos sonhos, a infância e fase adulta nos conflitos de vida e morte são temas recorrentes na obra, cujas personagens são apresentadas na variedade e alternância de seus sentimentos, dúvidas e angústias, sem que haja julgamento ou condenação pela forma como se dá a morte do amigo Pintor.
Mesmo quando os pais de Cláudio aparecem para explicar ao filho o modo como seu Amigo morreu, há certa reserva ao trazer à narrativa tão delicada abordagem conceitual. O síndico do prédio onde Cláudio mora com sua família vai ao apartamento deles e o menino escuta um trecho da conversa no qual o síndico questiona se o Pintor teria se suicidado por medo de voltar a ser preso político. Embora o trecho seja longo, vale a pena trazê-lo devido à riqueza narrativa e sensibilidade com a qual a autora trata o tema da morte do Pintor:
Hoje eu ia saindo do banho quando ouvi o síndico entrando (ele é o pai da filha daquela mãe que esqueceu o frango no forno); mais que depressa eu corri pro meu quarto e fechei a porta. Não era pra ele não me ver nu, não. Era porque, pra ser franco, eu não curto aquele síndico. Uma vez ele disse que pintor que pinta mulher amarela é porque não sabe pintar mulher como ela é. Tipo do cara que não saca nada de arte, não é? Outra vez, eu estava lá em cima jogando gamão e aí tocaram a campainha. Quando eu abri a porta dois caras disseram que eram da polícia e me mandaram embora: queriam ficar sozinhos com o meu Amigo pra interrogar ele. Depois a gente ficou sabendo que o síndico tinha ido na polícia dizer que o meu Amigo estava morando aqui no prédio. Tipo do cara que não saca nada de cada um na sua, não é? E ainda por cima, sempre que esse síndico aparece aqui em casa, ou é pra fazer queixa de alguém do edifício, ou é pra arrastar o meu pai e a minha mãe pra reunião de condomínio (que eles odeiam).
Então eu achei melhor ficar bem quieto aqui no meu quarto. Mas lá pelas tantas eu ouvi o nome do meu Amigo e comecei a prestar atenção na conversa na sala. Tive que abrir a porta pra escutar o meu pai: ele estava falando de suicídio, e cada vez que ele e minha mãe falavam nisso eles baixavam a voz. O síndico não: ele tem um vozeirão que nossa senhora! Até o cochicho dele é um cochichão que a gente ouve lá da esquina. E então ele foi cochichãozando que o meu Amigo tinha ficado marcado por causa das ideias políticas dele (eu não entendi nada do que isso queria dizer) e, quem sabe, ele tinha se matado por causa disso?
__ será que ele achava que ia ser preso de novo? __ a minha mãe perguntou.
E aí começou: política pra cá, política pra lá.
Não aguentei mais ficar quieto: fui lá na sala e falei:
__ A Dona Clarice disse que o meu Amigo morreu feito todo o mundo um dia morre. Não foi de propósito não!
__ Ela tinha que dizer isso não tinha? __ o síndico falou.
Respondi olhando pro meu pai:
__ Ela conhecia ele melhor que ninguém, e ela me garantiu que não foi de propósito.
__ Ela tinha que dizer isso __ o vozeirão falou de novo __ pra ninguém ficar pensando que foi por causa dela que ele se matou.
Eu não parava de olhar pro meu pai; e o meu pai não parava de olhar pra mim.
__ Mas por que ele ia fazer isso? __ eu perguntei.
__ Por que ele estava doente, meu filho.
__ Doente? A gente jogou gamão na véspera. Três partidas. Uma atrás da outra. E ele não tinha nada!
__ Doente aqui __ o meu pai bateu na cabeça __; só uma pessoa que está muito doente aqui faz o que ele fez.
__ Mas você quer, por favor, me explicar direito tudo que aconteceu?
Aí minha mãe disse que eles já estavam atrasados pra reunião de condomínio. Eu fiquei nervoso:
__ Mas ele era meu amigo!
O síndico levantou:
__ Vamos indo?
__ Amigo pra valer! Ele mesmo falou que idade não contava pra gente ser amigo sincero. E eu vou ficar sem saber se foi mesmo de propósito que ele morreu?
A minha mãe me abraçou:
__ Você não tem mais que ficar pensando nisso, Cláudio. Na sua idade a gente tem que pensar na vida e não na morte. Você tem outros amigos...
__ Que eu não gosto feito eu gostava dele!
__ ... você tem tanta coisa pra estudar, pra brincar, pra inventar, pára de ficar pensando no que aconteceu com ele e toca a vida pra frente, meu filho! __ foi saindo e eu fiquei. E fiquei no ar ainda por cima. Voltei pro quarto. Achei que o meu pai estava com mais cara de verdade do que a Dona Clarice. Não era porque ele era meu pai, não: era pelo jeito dele olhar tanto pro meu olho e dela olhar tanto pro chão. (BOJUNGA, 2003, p.18-20)
A narrativa continua com a personagem Cláudio se questionando, angustiado sobre a morte do Amigo Pintor. Mesmo tenho ouvido do síndico e de sua família que a morte se deu por meio de suicídio, certeza Cláudio não tinha. Antes do trecho citado, Cláudio havia se encontrado com a Dona Clarice – a mulher que morava no pensamento do Pintor e que era pintada por ele em muitas de suas obras. Ela havia dito ao garoto que o Pintor havia morrido assim, feito todo mundo um dia morre, conforme o trecho a seguir:

Mas hoje, sem estar esperando nem nada, aconteceu uma coisa que mudou o jeito do vermelho que eu estava sentindo dentro de mim. É que eu esbarrei na porta do elevador com a Dona Clarice. Ela ia saindo e eu ia entrando. Fiquei ao afobado que em vez de dizer bom dia, eu perguntei:
__ Ele explica na carta por que que ele se matou?
Puxa vida! eu nunca pensei que uma pergunta assim tão horrível podia sair sem a gente ter tempo de segurar. Mas saiu. E a Dona Clarice ficou parada, de porta do elevador aberta na mão e de olho arregalado pra mim.
Eu fiquei tão sem jeito que eu quis sumir.
Ainda bem que tocaram a campainha do elevador: a Dona Clarice feito que acordou; largou a porta e passou a mão pela testa com um jeito nervoso. De repente fez cara de quem lembrava de uma coisa e me estendeu um embrulho que estava debaixo do braço. O meu Amigo Pintor tinha escrito assim no embrulho: “Para o meu parceiro de gamão.”
__ Eu ia pedir pro porteiro entregar isso a você __ ela falou. Aí ela ficou olhando pro chão, e depois disse baixinho: __ Ele não se matou, não. Ele morreu que nem... que nem todo o mundo um dia morre. __ e disse tchau, e saiu depressa.
Eu fiquei olhando pra letra do meu Amigo no papel de embrulho. Mas depois lembrei do relógio e saí correndo: puxa! se ela tinha a chave do apartamento bem que ela podia voltar e dar corda no relógio.
Mas ela já tinha sumido na rua. (BOJUNGA, 2003, p.14)

Cláudio fica feliz em receber o jogo de gamão de presente, mesmo com tantas perguntas em sua cabeça de garoto com quem os adultos evitavam conversar sobre a morte, ainda mais por suicídio. Ele não conseguia compreender como um cara tão seu amigo poderia ter feito uma coisa assim. Mas a filha do síndico – a menina de quem Cláudio também não gostava havia dito que o Pintor havia morrido de propósito.

__ O teu amigo pintor foi pro inferno.
Levei um susto tão grande que a fala nem saiu logo. Ela disse:
__ ele se matou. E diz que quem se mata vai pro inferno.
A minha fala desempacou:
__ quem diz que ele se matou?
__ Tá todo o mundo falando. Ele deixou uma carta explicando.
__ Cadê?
__ Não foi pra gente não.
__ Foi pra quem?
__ Pra uma amiga dele, aquela que vinha aí.
__ A Dona Clarice?
__ É.
__ E o que ele explica na carta?
A garota só fez assim com o ombro e disse com cara de quem não tá ligando:
__ A essas alturas ele já torrou no inferno igualzinho feito o frango que a minha mãe esqueceu no forno.
Empurrei o diabo da garota longe e vim m’embora. (BOJUNGA, 2003, p. 13-14)

Nota-se na fala de algumas personagens a recusa em conversar com o garoto sobre a forma como seu Amigo Pintor morreu. A leitura da referida obra, possibilita a elaboração de perguntas filosóficas sobre o tema morte no sentido de nos fazer inquietar acerca de a) qual o sentido da vida? b) como pensar o suicídio como a mais potente forma de liberdade? c) o que leva uma pessoa a dar fim à própria vida? d) em relação à ética, moral cultura e religião, como se pode entender, aceitar ou questionar a morte por meio do suicídio? e) que sentido dar à morte como solução para a falta de sentido na vida? f) antecipar a morte é também um modo de negar a vida?
Em algumas sociedades contemporâneas, nota-se que o homem se acostumou com a morte, talvez devido a sua ocorrência diária, em larga escala, ela tenha se tornado um evento televisionado todos os dias em horário nobre. A morte, nesse sentido, surge como a principal consequência da violência, que por sua vez se apresenta em seu grau máximo. A esta realidade, Ronaldo Lima Lins chama de “era da atrocidade”, tempo em que a violência atingiu patamares tais que ultrapassa os limites da revolta.
A morte e sua finitude

Esta relação com o próprio fim, porém, sempre foi uma das principais questões humanas, uma vez que segundo Lins (1990), a incapacidade de aceitar a morte acentua a angústia principal ao quadro já trágico da existência. Nesse sentido, mesmo numa sociedade em que se faz tão presente e de forma tão brutal, a morte ainda incomoda e está longe de ser um problema resolvido. Para Bauman (2008),

o medo original, o medo da morte (um medo inato, endêmico), nós, seres humanos, aparentemente compartilhamos com os animais. […] Mas somente nós, seres humanos, temos consciência da inevitabilidade da morte e assim também enfrentamos a apavorante tarefa de sobreviver à aquisição desse conhecimento – a tarefa de viver com o pavor da inevitabilidade da morte (BAUMAN, 2008, p. 45).

Desse modo, para os referidos autores, o homem não só precisa conviver com a certeza de seu fim, como deve aprender a lidar com a incerteza quanto ao momento em que isso ocorrerá. Sabendo que um dia falecerá – e não sendo possível ignorar esse fato –, não pode prever o instante do passamento. Muito da dificuldade que se impõe nessa relação tem origem na própria condição da morte, pois se trata de uma barreira intransponível que somente a imaginação humana pode alcançar. Qualquer ideia do que aconteça depois será sempre suposição. Na literatura, especialmente na obra estudada, a surpresa da morte do Amigo leva Cláudio a formular inúmeras perguntas sobre a morte, pois a ideia da finitude planejada o persegue, na busca por compreender o comportamento do amigo.
Nesse sentido, vincular arte, filosofia e literatura consistiu na proposição dessa oficina, por meio da qual objetivamos estudar sobre a partilha do sensível, a partir da leitura da obra literária pelos alunos do curso de graduação em Filosofia. A ideia foi trazer ao cenário do encontro, as intensidades da leitura de cada sujeito e suas relações possíveis, consideradas, obviamente as filosóficas, dado o contexto existencial dos sujeitos. A oficina se deu de acordo com o roteiro planejado e sua parte mais importante a ser considerada nesse texto, refere-se aos relatos dos sujeitos participantes.
Os conceitos do sensível em Rancière (2005) visam discutir teoricamente o fato de que pelo termo de constituição estética, deve-se entender a partilha do sensível que dá forma à comunidade, tornando o sensível um bem coletivo que se elabora em espaços e situações ou eventos coletivos. Nesse sentido, partilha significa duas coisas: a participação em um conjunto comum e, inversamente, a separação, a distribuição em quinhões.
Uma partilha do sensível é, portanto, o modo como se determina no sensível a relação entre um conjunto partilhado e a divisão de partes exclusivas; assim, para Rancière, uma partilha do sensível fixa, portanto, ao mesmo tempo, um comum partilhado e partes exclusivas. Essa repartição das partes e dos lugares se funda numa partilha de espaços, tempos e tipos de atividades que determina propriamente a maneira como um comum se presta à participação e como uns e outros tomam parte nessa partilha. (RANCIÈRE, 2005, p. 15). O próximo item desse texto objetiva apresentar alguns relatos sobre as intensidades dos acadêmicos ao participarem dessa oficina de pensamento, arte, literatura e filosofia:

Os relatos dos acadêmicos de Filosofia – Itensidades!

Relato 1: uma aluna do curso de Filosofia

Quando comecei a ler O Meu Amigo Pintor, fui logo envolvida pela narrativa, pelos personagens e pelo modo leve da Bojunga tratar e escrever assuntos duros. Já haviam me adiantado que a obra tratava da temática do suicídio, então essa parte não foi novidade. No entanto, quando me dei conta, estava também me perguntando, junto com Claudio, ‘mas por que?’ e querendo saber mais do Pintor que tinha três amores. Li tudo num fôlego só e até levei um susto quando acabou. ‘Que livro fantástico’, pensei. Lê-lo alegrou minha manhã. É um livro que fala da vida como ela é – complicada e dolorosa, mas bela.
E aí veio a tarde. Sentei para escrever o que tinha achado do livro. Senti-me como o Amigo Pintor, incapaz de me fazer compreender por completo e frustrada em não transmitir tanta vida e sentimento quanto o livro tinham me passado. Admirei Bojunga uma vez mais por conseguir fazer, de modo tão singelo e descomplicado, aquilo que eu tentei fazer de todo jeito por muitas horas torturantes. Foi aí que aquele poema do Bukowski, Uma palavrinha sobre os fazedores de poemas rápidos e modernos, veio à mente: ‘o fracasso de uma pessoa na poesia é o fracasso de uma pessoa na vida. E quando você falha na poesia, você erra a vida. E quando você falha na vida, você nunca nasceu’. Nunca conseguirei explicar o quanto me senti frustrada, afinal, nunca ter nascido era pior do que morrer, era deixar de ser. Deixar de ser. Talvez teria sido isso que o Pintor sentiu ao concluir que sua vida não tinha mais sentido: que era melhor jamais ter existido do que não transmitir vida no trabalho todo de uma vida, de sua vida.
Foi aí que decidi que não deveria escrever nada sobre, que talvez fosse melhor viver com essa história como uma conversa linda dentro de mim do que ‘morrer em vida’ com um escrito apagado e morto, que não diz nada de quem eu sou. Seria quase como o coração desenhado por Claudio e ‘arrumado’ pelo colega, não teria nada a ver comigo. Guardo, então, dessa experiência a conversa linda com a Bojunga e a que tive comigo mesma sobre quem sou. Porque a grande literatura faz isso conosco: inicia um diálogo mudo no mais íntimo de nós mesmos, a princípio sobre a vida, para depois e, fundamentalmente, sermos nós a pauta em questão.

Relato 2 – um aluno do curso de Filosofia

Diante do texto tive muitas reflexões sobre a relação dos sentimentos contidos em cada cor. Me recordei então sobre a série Breaking Bad, premiada internacionalmente por sua qualidade excepcional. Nesta série cada evento é regrado aos sentimentos das personagens, onde cada cor representa uma emoção em cena. Por exemplo, quando o ator está triste, ele estará vestido de cinza, logo em momentos intelectuais veste azul, quando está amando é vermelho e a morte se apresenta pelo branco. 
Enquanto lia o texto lembrei da série e realmente identifiquei essa relação entre o ser humano e as cores. A autora nos envolve nos sentimentos do garoto, enquanto nos traz essa perspectiva radical de como é para a criança estar diante de um suicídio. Acho fascinante a forma como a Lygia consegue tratar de assuntos difíceis de uma forma tão simples e tão rica. Quando ela mostra que a criança não se contenta com essas simples respostas, buscando então entender o que aconteceu realmente ela parte em uma investigação. Frente ao enredo de uma criança de 11 anos em busca de respostas para o suicídio do amigo, ficamos no mínimo chateados com essa ausência de respostas sinceras por parte dos adultos, nos faz questionar sobre o que dizer ou não para as crianças, e isso nos leva à outras possibilidades de diálogos.
Me marcou bastante a forma como ela usa expressões singulares para caracterizar o personagem, expressões infantis que identificamos e tem um valor que não passa despercebido. Diante do texto só concluo que é mais simples falar a verdade, mas sendo sensível às crianças. O texto me agradou muito.

Relato 3 – uma aluna do curso de Filosofia

Só agora consegui organizar meus pensamentos para escrever algo coerente, espero ainda poder contribuir. A primeira pergunta que a Márcia fez em relação à obra que iriamos estudar foi o porque do grupo escolher o livro "Meu amigo Pintor"? A princípio não tive uma resposta pronta, mas em casa, analisando a pergunta cheguei a conclusão de que a obra foi escolhida por se tratar de um tema tabu, tanto no meio social como no meio acadêmico, e desse modo, ficamos curiosos com a forma que a literatura trabalharia tal tema.
Quando a Ester pediu que escrevêssemos nossa reação ao ler a obra a principio não compreendi muito bem o porquê da pergunta, mas nesse momento, apos algumas reflexões pude organizar o que eu senti.
A princípio com o desenrolar da história tive a falsa esperança de que ao fim descobriríamos o porquê da decisão do Amigo Pintor, quando chega o fim da historia e a pergunta não é respondida tive uma grande sensação de frustração, pois acredito que como humanos, questões como essa nos intrigam. Porém, olhando pelo viés da psicologia, não tem como buscar uma resposta para uma decisão tão permanente, visto que, o Amigo Pintor deveria estar em um sofrimento psíquico muito grande para incorrer a tal ato.
Analisando de maneira clínica, acredito que ele deveria ter compreendido seu estado psíquico e procurado ajuda profissional, pois aquele estado melancólico em que ele estava já ocorria há muito tempo. Entretanto, como já disse, ele deveria estar em sofrimento psíquico muito grande para desistir de lutar pela vida, e incorrer a meios tão permanentes para um problema que poderia ter sido amenizado com ajuda profissional.
Essa foi a impressão que eu tive do livro, espero ter ajudado. 

Relato 4 – A professora da turma

Cláudio com alma de artista faz sentir de outro jeito, amplia a sensibilidade ao pensar/sentir/escrever primeiro pela cor. Com ele, especialmente, o sentido do vermelho se ampliou. Essa cor complicada, cor de coisa a ser entendida. Paixão, morte e inferno despertam um jeito vermelho dentro da gente que faz perguntar:
Por que?
Por que?
Por que?
É preciso gostar para entender e, de repente, de tanto pensar, um amarelo nasce de dentro do vermelho e a vida fuça como um belo e quente poente, difícil de entender, mas que mata a vontade de morrer.

Relato 5 – uma aluna da turma

Cada coisa tem a sua cor. Umas são mais fracas, outras mais vibrantes, e algumas até oscilam e se misturam com outras tonalidades, mas cada coisa tem sua cor. As cores expressam sentimentos e esses também podem ser fracos ou fortes, podem passar com o soprar de um vento ou podem ficar e fazer de nós a sua morada. Esses sentimentos podem nos tocar pelo visual que cada cor nos oferece e é assim que pela personificação, as cores parecem ter o dom de presentificar não só as coisas, mas também as pessoas.

O namoro com a morte em O sofá estampado

Lottermann (2008), ao discutir sobre essa dificuldade de compreender o suicídio afirma que a mesma está quase sempre intimamente relacionada à dificuldade de aceitação de que as pessoas possam determinar até quando desejam permanecer vivas. Nesse sentido, a referida autora afirma que

Quando alguém resolve abreviar a vida, e faz uso de sua liberdade de forma radical, a perplexidade que o ato provoca vem acompanhada de muitos questionamentos. Considerado uma auto-agressão, o suicídio é também uma forma de agredir os outros, num processo em que o suicida nega de forma veemente sua condição de vida, logo, sua forma de interagir com os outros (LOTTERMANN, 2008, p.132).

Trata-se, pois, de um namoro com a morte, que tanto aparece na obra O meu Amigo Pintor, como também na obra O sofá estampado, também de Lygia Bojunga. Tanto na primeira como na segunda obra tratada nesse texto, Bojunga se apresenta estreita relação entre a morte e a arte, por meio das cores apresentadas em ambas as obras em sua relação com a morte, esse namoro, seu encontro com os conceitos fundamentais de vida e de morte. Na obra O meu Amigo Pintor, esta relação se apresenta da seguinte forma:

Um dia o meu amigo me disse que eu era um garoto com alma de artista, e me deu um álbum com uns trabalhos que ele tinha feito em aquarela, tinha a óleo e pastel. Disse que tinha arrumado os trabalhos no álbum pra eu entender melhor esse negócio de cor. Nas primeiras páginas só tinha cor. Quer dizer, no princípio nem cor tinha: era só branco e preto; depois começavam as cores: amarelo, azul, vermelho, e depois essas três cores iam se misturando pra formar uma porção, nuns desenhos que às vezes eu gostava e outras vezes não. O meu amigo me disse que quanto mais a gente prestava atenção numa cor, mais coisa saía de dentro dela. Eu fiquei olhando pra cara dele sem entender. Não entendi mesmo aquela história de tanta coisa ir saindo de dentro de uma cor. (BOJUNGA, 2003, p. 8)

Em O sofá estampado,

Vítor se aproxima da morte guiado pela decepção com o comportamento insensível de Dalva e com a memória repleta de acontecimentos que o tinham feito sofrer. No caminho de volta para a floresta, cansado, Vítor deita-se na estrada, adormece e tem um sonho: ‘tinha nevoeiro na floresta, chão, capim, galho, era tudo cinzento. O pai saiu do nevoeiro de maleta profissional estendida e carapaça de plástico dentro. Tudo bem cinza. A mãe chegou perto e começou a chorar. O pai, que quer obrigá-lo a vender carapaças de plástico, ficou cinza bem forte; o Vítor se engasga e tosse cinzento. (BOJUNGA, 2004, p. 100)

A referida obra gira em torno de quatro personagens que são os principais da obra, explicando a vida de cada um com alguns detalhes e como aquele personagem chegou até ali.
  1. Vítor é um tatu muito tímido e educado, que vive numa floresta junto com seus pais. Quando ele fica nervoso, ele começa a tossir desesperadamente, até ficar roxo, e suas unhas começam a cavar e cavar até ele encontrar um lugar onde ele esteja sozinho e longe daquilo que lhe afligia. Na obra, esse lugar é caracterizado como uma rua deserta, sem carros ou prédios. Nesse trecho o leitor pode ter a ideia de como o Vitor era mesmo tímido:

Quando o Vitor entrou pra escola escolheram o lugar dele: primeira fila. Ele perguntou se podia trocar. Só que em vez da pergunta saiu um espirro. A professora respondeu saúde! E ele ficou na primeira fila: encolhido, cara baixa. No outro dia já entrou encolhido. Disse bom-dia bem baixinho (ninguém ouviu), e se mudou pra segunda fila: baixinho também. E daí pra frente foi se mudando cada vez mais baixo e cada vez mais pra trás. Acabou chegando numa árvore que marcava o fim da classe. Deslizou pra trás do tronco; se ajeitou; entortou a cara pra espiar o que que estava acontecendo na aula. Quando o olho da professora chegou perto da árvore, a cara desentortou.
Entortou
Desentortou
Entortou
Desentortou; o tempo passou. E de tanto ninguém ver o Vítor, parecia que todo mundo tinha se esquecido do Vítor. [...] (p. 34).

  1. Dalva é uma gata angorá muito mimada, que só se preocupa em ver televisão, pois ela ganhou o prêmio da telespectadora mais assídua por assistir 12 horas de tevê por dia. Havia um controle da emissora, que ligava de hora em hora pra ver se ela estava mesmo assistindo televisão e prestando atenção nos comerciais. Isso pode ser observado no trecho:

[...] O Vítor já não estava conseguindo ver mais nada, todo encolhido lá embaixo pra ver se não pisavam muito nele. De repente, sentiu uma coisa caindo na cabeça. Era a medalha da Dalva: a fita tinha rebentado com tanto puxão. O Vitor ficou com a medalha apertada na pata. O táxi foi embora; o pessoal foi abrindo caminho; e aí o Vítor perguntou pra um repórter:
Que prêmio que ela ganhou, hem?
Foi o tal concurso que fizeram na tevê.
Qual?
– “Telespectadora mais assídua”. Faz tempo que ela vê 12 horas de tevê por dia: ganhou.
O Vítor fez pergunta pra todo lado e acabou descobrindo o endereço da Dalva. Puxa, ele era mesmo um cara de sorte! a medalha podia ter caído na cabeça de tanta gente, e tinha caído bem na dele: só pra ele ter um pretexto de ir na casa da Dalva.
(p. 109)

  1. A Vó do Vítor é uma historiadora que passou por muitos lugares e por muitas aventuras. Ela era a única que o aceitava como ele era. Desde criança ela tinha o sonho de conhecer tudo de tatu. Isso pode ser observado no trecho:

Desde pequena ela tinha mania de viajar: queria por força conhecer o mundo. E queria conhecer tudo de tatu; como é que eles eram antigamente, o que eles comiam, onde é que tinha vivido o primeiro tatu.
Foi ser bandeirante, excursionista, bolsista. Só pra viver pra baixo e pra cima. Voltava pra casa com um monte de histórias pra contar. Estudou arqueologia; viajava cada vez mais longe, fazendo escavação, pra ver se descobria ou placa ou unha ou qualquer coisa de tatu de antigamente; um dia casou com o Arquimedes, que era um tatu arqueólogo também. No dia do casamento, o Arquimedes deu pra ela uma mala de presente. Com um cartãozinho pendurado na alça: ‘Agora você passa de senhorita a senhora, acho que fica mais próprio viajar com mala em vez de mochila. Com todo o amor do seu ARQUIMEDES.’ (p. 62).

  1. A Dona Popô é uma hipopótama que por seu esforço e ambição, ganhou muito dinheiro trabalhando para Dr. Ipo, aquele que a salvou do Zoológico, e com isso criou sua própria empresa, a agência de publicidade Z. Antes, a Dona Popô era conhecida como Pôzinha e morava com sua mãe Zuleica perto de um rio numa selva, até que um dia, quando ela foi ver aonde iria morar, foi pega pelo pessoal do Jardim Zoológico.

[...] A Dona Zuleika já tinha escolhido o hipopótamo que um dia ia casar com a Pôzinha, ‘ele é ótimo pra arranjar comida, viu Pôzinha?’. e a Pôzinha disse . A Dona Zuleika já tinha escolhido o lugar que a Pôzinha ia morar, ‘é um lugar ótimo pra arranhar comida, viu Pôzinha?’. A Pôzinha disse .
A Dona Zuleica já tinha até mandado: ‘Uma hora dessas vai lá ver o lugar’. A Pôzinha foi. Errou o caminho, acabou entrando em área de caçada, justo quando andavam pegando bicho pra levar pra América do Sul. Pegaram girafa, pegaram elefante, pegaram avestruz, pegaram a Pôzinha também. Meteram ela no porão de um navio e ela foi parar no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. A Pôzinha estranhou a vida no Zôo; não gostou da comida. Mas depois acostumou com o capim. Um dia ela viu chegar um rinoceronte que ela conhecia desde pequena. Quando ele passou por ela, contou que a Dona Zuleika tinha sido presa também:
__ Levaram ela pra Índia.
__ É longe?
__ À beça.
__ É grande?
__ Enorme.
__ Xi! O Brasil também. __ Viu que nunca mais elas iam se encontrar. Chorou. Quis prestar homenagem pra mãe: fez um Z em grande de capim trançado e pendurou na grade que e cercava ela. O pessoal do Zôo gostou; e mandou ela trançar um monte de capim pra fazer o resto do Zoológico. (p. 130-132)

A obra O sofá estampado, embora não tenha sido lida pelos acadêmicos de graduação em Filosofia para a realização da oficina aqui tratada, foi discutida por atrelar conceitos comuns com a obra O meu Amigo Pintor como a morte, as cores e a arte. Pensar uma partilha do sensível por meio do texto de Rancière possibilitou o entrelaçamento de tais conceitos na busca por um exercício de pensamento filosófico literário, cuja ferramenta estética foram as obras literárias aqui discutidas.

As relações possíveis – a partilha estética do sensível: ideias finais

Ao pensar no espaço estético ocupado pela educação estética nas sociedades contemporâneas, considerando sua diversidade histórica e cultural, nota-se que seu valor se constrói na compreensão mesma daquilo que afeta e àqueles a quem afeta nos diferentes viveres em sociedade. É ainda em Rancière (2005) que tais conceitos melhor se expressam, se considerarmos que

A política ocupa-se do que se vê e do que se pode dizer sobre o que é visto, de quem tem competência para ver e qualidade para dizer, das propriedades do espaço e dos possíveis do tempo. É a partir dessa estética primeira que se pode colocar a questão das práticas estéticas, no sentido em que entendemos, isto é, como formas de visibilidade das práticas da arte, do lugar que ocupam, do que fazem no que diz respeito ao comum. As práticas artísticas são maneiras de fazer e nas suas relações com maneiras de ser e formas de visibilidade. Antes de se fundar no conteúdo imoral das fábulas, a proscrição platônica dos poetas funda-se na impossibilidade de se fazer duas coisas ao mesmo tempo. A questão da ficção é, antes de tudo, uma questão de distribuição dos lugares. Do ponto de vista platônico, a cena do teatro, que é simultaneamente espaço de uma atividade pública e lugar de exibição dos fantasmas, embaralha a partilha das identidades, atividades e espaços. O mesmo ocorre com a escrita: circulando por toda parte, sem saber a quem deve ou não falar, a escrita destrói todo fundamento legítimo da circulação da palavra, da relação entre os efeitos da palavra e as posições dos corpos no espaço comum (RANCIÈRE, 2005, p. 17).

As formas de ocupação da arte são constituídas e transformadas de modo a sobreviver nas frestas dos espaços outros, que não os habituais. Nesse sentido, na contemporaneidade, (re) conceituar as produções estéticas se faz urgente, a considerar as inúmeras possibilidades de acesso que surgem, constantemente nos espaços antes inusitados ou até mesmo restritos a uma pequena querela da sociedade, as ditas elites cultural e economicamente abastadas.
O trabalho de oficina desenvolvido para a elaboração desse texto foi essencial para a compreensão dessa pesquisadora sobre a partilha do sensível, uma vez que estudar literatura já há algum tempo nos deu uma visão ampliada de sua relação com a filosofia e com outras formas de produção estética. Os relatos dos acadêmicos expressam o desejo primeiro dessa empreitada: partilhar o sensível e desvendar os elos com a arte e com a filosofia – ambas ferramentas potentes de pensamento e vida!
REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
BOJUNGA, Lygia. O meu Amigo Pintor. 22.ª ed. Rio de Janeiro: Editora Casa Lygia Bojunga, 2006.
______________. O Sofá Estampado. 31ª ed. Rio de Janeiro: Editora Casa Lygia Bojunga, 2004.
COSTA LIMA, Luiz (coord. e tradução) – A literatura e o leitor- Textos de Estética da Recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1979.
LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.
LOTTERMANN, Clarice. O suicídio na literatura infantil brasileira. Revista Espaço Plural; Ano IX – Nº 18. 1º Semestre 2008. ISSN 1518-4196.
RANCIERE, Jacques A partilha do sensível. Estética e política. São Paulo: Ed. 34, 2005.



1 Trabalho elaborado junto ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Letras – nível de Doutorado, área de concentração em Linguagem e Sociedade, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de Cascavel/Paraná, na Disciplina Seminários Avançados em Estudos Literários II – A Literatura entre Práticas e Procedimentos  Interdisciplinares. Língua de Pesquisa: Literatura Memória Cultura e Ensino.

                                                                        JANETE   MARCIA NASCIMENTO


CURRICULUM VITAE:           
Doutoranda em Letras - Linguagem e Sociedade, Linha de Pesquisa Linguagem Cultura Memória e Ensino, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); Mestre em Letras - Linguagem e Sociedade pela  Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); Especialista em Fundamentos da Educação também pela  Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); graduada em Pedagogia e em Letras. Professora Pedagoga e Professora de Língua Portuguesa na Educação Básica nas redes municipal e estadual do município de Toledo/Paraná - Brasil. Pesquiso no Doutorado a formação de leitores literários em espaços não escolares.